DEM e PPS começam a coletar assinaturas para fiscalizar os gastos públicos na competição
Depois de o governo federal anunciar que a previsão dos custos das obras para a Copa do Mundo de 2014
subiu de R$ 25,5 bilhões para R$ 28 bilhões,
dois dos principais partidos políticos da oposição — Democratas e
PPS/MD — começaram, nesta semana, a atuar nos bastidores do Congresso
para implantar uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito). O
objetivo é investigar os gastos públicos para realizar o torneio.
No mesmo dia em que anunciou o aumento em cerca de
10% dos gastos,
o próprio governo admitiu que a conta pode ficar ainda mais cara. Nas
contas da Consultoria Legislativa do Senado, a Copa de 2014 será a mais
cara da história e pode chegar a custar R$ 63 bilhões para os governos.
Para comparar, o governo da África do Sul gastou R$ 14,5 bilhões em
infraestrutura e estádios na Copa de 2010.
O investimento público para fazer a Copa de 2014 virou um dos alvos das
manifestações de rua das últimas semanas. Por isso, na última
segunda-feira, os parlamentares do PPS/MD iniciaram a coleta de
assinaturas para a CPMI. O líder do PPS/MD, deputado federal Rubens
Bueno (PR), articula nos bastidores para conseguir a adesão dos
parlamentares.
— Vamos iniciar imediatamente a coleta de assinaturas para a CPI e
mobilizar os deputados e senadores. Não somos contra o evento, mas
contra o modo como o governo federal está conduzindo todo esse processo.
É muito dinheiro público em jogo e há indícios de superfaturamento em
diversas obras. Ao contrário do que afirmou a presidente Dilma, há sim
bilhões do governo federal investidos na Copa. Aí entram aplicações
diretas e financiamento de bancos estatais [BNDES, Caixa] em estádios.
Leia mais notícias de Brasil e Política
Romário estima custos da Copa de 2014 em R$ 100 bilhões
O líder do Democratas no Senado, José Agripino, também quer uma
apuração em torno dos gastos do governo para sediar o Mundial de futebol
de 2014. Para o parlamentar, “é uma prerrogativa e uma obrigação do
Congresso criar uma CPI mista para que, com base nos dados do Tribunal
de Contas da União, passe a limpo essa novela da gastança de recursos
para o Brasil sediar uma Copa”.
— Uma das reivindicações da sociedade, que deve ser objeto de reflexão,
é a luta contra a corrupção e ficou claramente demonstrada a
preocupação das ruas com o custo das arenas. A de Brasília, por exemplo,
custou mais de R$ 1 bilhão, envolvendo recursos públicos, sem contar
que falam em superfaturamento.
De acordo com o senador do Democratas, “a ideia está lançada, os
contatos com os partidos estão sendo feitos e, na medida em que esse
assunto fique claro e maduro, as assinaturas poderão ser coletadas e os
trabalhos iniciados”.
— Em função das denúncias que estão existindo, essa CPI será um bom
instrumento para o enfrentamento da corrupção e o atendimento claro e
justo da sociedade, que deseja a moralidade na vida pública do país.
Bueno, deputado do PPS, ressaltou ainda que o TCU (Tribunal de Contas
da União) alertou que a atuação preventiva do órgão em algumas obras, ao
lado do MPF (Ministério Público Federal) e CGU (Controladoria Geral da
União), já assegurou uma economia de pelo menos R$ 600 milhões em verbas
públicas aplicadas nos preparativos para a Copa do Mundo.
— Isso mostra que já existia um direcionamento para o desperdício.
Outro calculo feito por auditoria do TCU aponta que a União já
comprometeu R$ 1,1 bilhão com os locais para jogos do mundial de futebol
entre subsídios para empréstimos e isenções de impostos para
construtoras.
Copa para ricos
Além de apoiar uma investigação acerca dos custos da Copa, o presidente
nacional do PPS/MD, deputado federal Roberto Freire (SP), destacou
ainda que os estádios padrão Fifa vai criar uma divisão ainda maior nas
partidas de futebol, já que acabam com cultura do povão nos campos de
futebol.
— Acabamos com a “geral”, com os ingressos populares. Então, o pobre
fica de fora. O Lula trouxe a Copa para o Brasil e decretou a exclusão
do povão dos estádios.